Bem Vindo a Selva

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terça-feira, 29 de março de 2016

Oi gente, vou postar um mini documentário que fiz sobre a vida dos passageiros dos trens da CPTM, decidi observar a história, o modo de vida das pessoas que convivem com a rotina de ter o trem como meio de transporte, obrigatoriamente ou não, todos, ou ao menos a maioria dos dias de suas vidas.

Na estação da vida!



Já que eu também era obrigada a conviver com essa rotina de segunda a sexta-feira durante o período que cursei faculdade.
Descobri o quanto é interessante observar cada pessoa, pois cada uma tem suas expectativas de vida, mas a maioria pelo menos, estão conformadas com a rotina desta viagem que carrega na verdade, uma grande família de desconhecidos.
Obs. Este documentário foi feito nas linhas D da CPTM sentido Luz/Rio Grande da Serra.
Em um dia frio, véspera de feriado, mais uma viagem com aproximadamente 40 minutos dentro deste meio de transporte considerado, para muitos, eficiente.
A viagem começa (ou termina), no caso, pois já são 22h45, com pessoas ansiosas para entrar e com certeza se sentarem, por isso mesmo será uma entrada disputada.
Após a chegada do tão esperado trem, pessoas se aglomeram na porta, esperando que ela se abra, porém desta vez, entraram calmamente.
Algumas pessoas conversavam, outras liam, outras falavam ao celular, outras dormiam. Na estação seguinte, mais gente, esses, desafortunados pois como não havia mais lugares, prosseguiram para seus destinos de pé mesmo.
"Agarradas" aos ferros para se segurarem, algumas prestam atenção a conversa alheia, o que acho até necessário, ajuda a passar o tempo.
A cada estação, nosso veículo de transporte enche cada vez mais. A maioria talvez seja de estudantes devido o horário, outros vindo do serviço, outros não se sabe de onde, mas o que todos tem em comum é a expressão de sono e/ou cansaço.
Hoje especificamente o comércio no trem está com pouco movimento, isso para muitos era desanimador, devido já estarem acostumados a saciar a fome com guloseimas vendidas com muitas variedades, normalmente todos os dias.
No decorrer da viagem, as pessoas iam descendo, o vagão esvaziando e alguns que estavam de pé, aliviados, sentando-se no lugar de quem saiu.
Termina minha jornada de hoje, apenas mais um dia, pois sei que no outro dia a rotina será praticamente a mesma.

Mais um dia tranquilo, na ida, estava vazio, pensei que ao menos nesse dia ida e volta transcorreria tranquilo.
Na volta, lá pelas 23h10, a viagem prosseguia com pessoas cansadas, porém, vazio. O que me chamou a atenção foi uma vendedora de chocolates e doces em geral, grávida, com uns 8 meses, que andava de um lado para o outro oferecendo sua mercadoria e aparentemente não demonstrava cansaço.
Minutos depois, percebi certa aglomeração, tentei ver o que se passava mas não dava para ver direito mas possivelmente uma mulher havia desmaiado. Em volta curiosos e pessoas tentando ajudar, quebraram o botão do alarme do trem o que me fez pensar que por esse motivo teríamos de enfrentar atraso devido esse fato.
Na estação seguinte o trem parou e o que tudo indicava a mulher já estava melhor, e próximo ao acontecimento um casal de possíveis amigos se encontraram abraçando-se alheio a tudo em volta demonstrando estarem acostumados com aquele cotidiano.
A viagem novamente não passou despercebida.

Hoje, logo na ida, um jovem começou a pregar dentro do trem, com certeza era evangélico. As expressões que se ouvia eram das mais variadas, tais como, "ixi", "lá vem", "ninguém merece".
As pessoas estão preocupadas e/ou cansadas demais para prestarem atenção nesse tipo de coisa que acaba incomodando,
Isso me fez lembrar certa vez que estava distraída, quando passava um vendedor de chocolate andando de um lado ao outro. O rapaz percebeu que haviam fiscais nos vagões, tentou de toda forma esconder sua mercadoria coloco-as sob o banco e ficou sentando tentando se passar por um passageiro comum. Os fiscais, eram dois, entraram no vagão revistando tudo e acabaram por encontrar a mercadoria.
Fiquei observando e percebi a expressão de tristeza do rapaz ao ver sua mercadoria sendo levada pelos homens. Depois que os fiscais saíram, uma mulher se manifestou dizendo que ele deveria ter dado a mercadoria para ela, pois a mesma guardaria em sua sacola. Por que não disse isso antes do rapaz ter perdido seu meio de ganhar dinheiro?
Tem dias, a maioria deles, que as pessoas aproveitam o balanço do trem para tirarem um cochilo principalmente quando estão voltando para suas casas e quase sempre entram no último vagão (ou seria o primeiro?), em todo o caso, a questão é que muitos preferem esse vagão por aparentemente parecer mais tranquilo
Porém, quase sempre essa tranquilidade é quebrada por uma garota de uns dezenove anos que entra nesse mesmo vagão vindo da sua faculdade. Sempre a observo por achar engraçado seu jeito "elétrico" e hiperativo. Quando ela está sozinha, tenta cochilar, mas em vão, fica inquieta se mexendo de um lado para o outro tantas vezes que chega a incomodar quem está a seu lado.
Mas quando encontra algum amigo, aí ninguém segura, ou melhor, ninguém mais no vagão consegue tirar seu tão esperado cochilo.
Ela fala o tempo todo em um tom muito alto, dá gargalhadas, mostra os novos toques de seu celular em um volume onde praticamente todo o vagão possa escutar, isso quando não traz um baralho e acreditem, joga truco.
Certa vez ela gargalhava tão alto, que acordou um homem que ficou incomodado e tapou os ouvidos. Essa garota não desce na mesma estação que eu, mas quando desço ela continua num pique total para alegria de seus amigos e tristeza dos passageiros.

Na viagem de hoje fiquei indignada com a forma como as pessoas se tratam, na hora de entrarem e saírem do vagão, é de uma estupidez e grosseria sem tamanho, principalmente na estação terminal Luz.
Por ser um horário de pico, existe uma aglomeração quando as portas se abrem e muitos no anseio de se sentarem, empurram uns aos outros sem o menor pudor.
Nesse dia especificamente, o vagão estava lotado e antes mesmo das portas se abrirem, alguns homens batiam nas mesmas, o que formava certa tensão.
Logo que a porta se abriu, todos tentaram sair e entrar ao mesmo tempo já que a quantidade de bancos livres é bem limitada em relação ao número de pessoas, e com isso, ninguém se importa se estão empurrando ou machucando alguém. O que realmente acabou acontecendo neste dia com uma moça que com a confusão caiu no vão entre o trem e a plataforma.
Ela deu um grito, porém, como fatos como estes não são nenhuma novidade para essas pessoas, ao ouvirem seu grito, logo foi puxada pelo braço por alguém que estava em meio a toda aquela aglomeração e logo continuou sua viagem normalmente.
Um fato interessante também que não pude deixar de observar, é uma vendedora de guloseimas que está sempre maquiada e parece ser muito vaidosa. Nos meses que se passaram que a vi de um lado a outro vendendo suas mercadorias, notei que conseguiu dinheiro suficiente para arrumar o cabelo, ou seja, alongou os cabelos, o que achei muito válido já que pelo visto ela não gostava de mostrá-los, pois antes disso, sempre estava de touca, chapéu ou boné.
Em outra situação, apareceu um menino dizendo que precisava de dinheiro, dizia ter doze anos e precisava cuidar da família, um discurso já conhecido de todos os passageiros e usado por muitos meninos pedintes da mesma faixa etária.
Mal podia ouvir sua voz devido ele já ter passado o dia todo falando a mesma coisa e já era tarde, por volta das 21h30. Ele andava com uma caixa de engraxate nas costas procurando alguém que estivesse precisando de seus serviços ou simplesmente lhe dar algum dinheiro.
Até que um rapaz o chamou duas vezes, já que o mesmo estava andando distraído de um lado a outro, mas logo que notou que estava sendo chamado se sentou prontamente no chão do vagão, pegou suas coisas e dentro da caixa e começou a engraxar, era habilidoso, fez tudo com perfeição.
O serviço custava R$ 1,50 porem, recebeu além do preço que cobrou, um pouco a mais devido o rapaz ter se simpatizado com o garoto até tentando uma conversa durante o serviço, mas o menino se manteve sério o tempo todo. Uma moça que estava sentada ao lado desse rapaz e observava todo o trabalho, também lhe deu algumas moedas, já que parecia mesmo precisar, pois estava todo sujo e já demonstrava muito cansaço.

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